Uma troca de ideias entre médicos franceses revoltou diversos jogadores africanos. Jean Paul Mira, um dos diretores do Hospital Cochin de Paris, e Camille Locht, diretor do INSERM (organização pública francesa exclusivamente dedicada às pesquisas biológicas) afirmaram que deveria se fazer um estudo na África sobre o coronavírus.
As autoridades médicas afirmaram que a pesquisa deveria ser feita no continente africano pois lá "não há máscaras, nem tretamentos, nem aparelhos de reanimação cardiorrespiratória". Eles ainda falaram sobre um outro estudo "no caso da AIDS, onde prostitutas africanas são usadas para tentar certas coisas porque sabem que estão muito expostas e não têm proteção".
As falas revoltaram diversos jogadores de futebol nascidos no continente. Samuel Eto'o foi um deles. O ex-atacante de Camarões chamou Mira e Locht de "filhos da p..." por propor experimentos na África em busca da cura da covid-19. "A África não é seu parquinho", disse Eto'o.
Outra estrela que foi totalmente na contramão dos médicos franceses foi Didier Drogba. "É totalmente inconcebível que tenhamos que advertir sobre isso. A África não é um laboratório de testes. Eu quero veementemente denunciar essas declarações discriminatórias, falsas e, sobre tudo, racistas", tuitou o ex-atacante da Costa do Marfim.
Demba Ba, que ainda está em atividade pelo İstanbul Basaksehir-TUR, também se revoltou com a ideia dos testes na África. "Bem-vindo ao Ocidente, onde os brancos se consideram tão superiores que o racismo e a debilidade se tornam comuns", disse o senegalês.
A África como um todo já registra mais de 6,2 mil casos da covid-19, com mais de 220 mortes de doentes. O país mais afetado até o momento é a África do Sul, com mais de 1,3 mil casos confimados. Porém, a maior concentração de falecimentos em decorrência do coronavírus está no Egito, com 52 mortes.
A França, país dos médicos que geraram a revolta dos atletas, tem quase 60 mil casos confirmados de infecção pelo novo vírus. Mais de 5,3 mil mortes já foram registradas.