Você conhece o roteiro. O Real Madrid entra em campo com sua constelação de Galácticos. Eles começam sonolentos, e os primeiros 15 minutos são difíceis de assistir. Talvez cedam algumas chances. Podem até sair atrás no placar ou simplesmente desperdiçar demais a bola. Sem intensidade, sem paixão. Os primeiros murmúrios tomam conta do Santiago Bernabéu. Em noites piores, viram vaias e apupos. E então, acontece. Carlo Ancelotti sussurra algo para seu filho, Davide, aponta para algumas partes do campo. A famosa sobrancelha se ergue. De repente, o Real desperta. Um time modesto do Campeonato Espanhol acaba derrotado por 4 a 1. Mini-crise superada.
Nos últimos anos, virou moda dizer que Ancelotti não faz muita coisa como treinador. Seu famoso "levantar de sobrancelhas" virou meme (como este texto faz questão de lembrar). Seu time titular, no começo da temporada, contava com quatro legítimos candidatos à Bola de Ouro e um grupo de coadjuvantes que seriam protagonistas em praticamente qualquer outro clube. Quão difícil pode ser administrar isso tudo? Difícil o suficiente, ao que parece...
Mas há quem diga que o estilo de Ancelotti é perfeitamente adequado para o cenário de seleções — um ambiente em que táticas excessivamente complexas raramente funcionam, dada a limitação de tempo com os atletas. É mais um espaço para aproveitar os momentos e criar a atmosfera ideal para que um grupo de elite tenha sucesso. Faz sentido, então, que a seleção brasileira esteja, supostamente, interessada em contar com seus serviços mais uma vez após a demissão de Dorival Júnior.
Ancelotti recusou a proposta no último verão europeu, ao prometer cumprir seu contrato atual com o Real Madrid até, pelo menos, 2026. Mas, com a vaga aberta novamente e outras peças se encaixando nos bastidores, talvez esse seja o momento certo para o italiano assumir seu próximo desafio como treinador.