André Villas-Boas não é mais treinador do Olympique de Marselha. O português de 43 anos anunciou sua decisão em entrevista coletiva nesta terça-feira (2) e pode entrar na pauta do São Paulo para substituir Fernando Diniz, demitido do clube na segunda-feira (1).
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A justificativa do pedido de demissão foi a contratação de um jogador contra a sua vontade. No último dia da janela de contratações, o Olympique fechou com Olivier Ntcham, do Celtic, defensor que não foi aprovado pelo português.
"Eu apresentei a minha demissão pois não concordo com a política esportiva do clube. A diretoria não me deu feedback algum. Não quero dinheiro, eu só quero sair", disse.
A Goal apurou que Villas-Boas não cogita o Brasil no momento. O treinador pretende resolver as pendências na França, ficar com a família e procurar algo na Europa. No entanto, o São Paulo já demonstrou um grande interesse no trabalho do português.
Em 2012, o português ainda comandava o Chelsea e ficou próximo de um acerto com o São Paulo para o ano seguinte. O acordo não aconteceu por divergências com o então presidente são paulino, Juvenal Juvêncio.
"Foi curioso. Era para ser o meu próximo passo após a saída do Chelsea. Tive um encontro com Juvenal Juvêncio na casa do vice-presidente do São Paulo. O que estava acordado entre nós, que era uma exigência minha, era eu começar com o Estadual porque eu queria implementar uma série de mudanças que não poderiam acontecer durante o Campeonato Brasileiro. Foi por isso que falhou", relembrou Villas-Boas em entrevista ao Esporte Interativo, em novembro de 2020.
O próprio treinador, no entanto, afirmou que embora tivesse vontade no passado, não sabe se é possível treinar um clube no Brasil neste momento.
"O Leão estava muito pressionado por resultados, e o Juvenal queria mudar. Ele me ligou e eu disse que não. Uma pena, estava com muita vontade. Sempre quis treinar no Brasil. Agora, como me restam poucos anos de carreira, não sei se é possível", concluiu.
O Tricolor está em busca de um novo treinador e um conterrâneo de Villas-Boas já foi sondado: Vítor Pereira, que estava no futebol chinês. Outros nomes cogitados para dirigir a equipe são paulina são Miguel Ángel Ramírez, Abel Braga e Rogério Ceni.
Momento conturbado no Olympique
A saída de Villas-Boas acontece após uma semana atípica na França. Diversos torcedores do Olympique de Marselha foram presos depois de uma tentativa de invasão ao centro de treinamento da equipe. Os manifestantes não conseguiram entrar no local, mas destruíram patrimônios no entorno e colocaram fogo em uma árvore. Pela cidade, faixas foram exibidas com ameaças. Diante deste cenário, a partida do Olympique contra o Reims na Ligue 1 teve que ser adiada por um dia.
Na atual temporada, o treinador português dirigiu o Olympique em 27 partidas, com dez vitórias, cinco empates e 12 derrotas. Após 20 rodadas na Ligue 1, o time de Marselha ocupa a nona colocação e terminou a fase de grupos da Liga dos Campeões em último no grupo com Manchester City, Porto e Olympiakos.
Em nota publicada no site da equipe, o Olympique atacou a forma como Villas-Boas deixou o clube e as críticas feitas pelo português ao anunciar a saída do clube.
"Esta decisão protectora tornou-se inevitável face à recente repetição de ações e atitudes que prejudicam gravemente a instituição Olympique de Marselha e os seus funcionários que a defendem diariamente.
Os comentários feitos hoje numa coletiva de imprensa a respeito de Pablo Longoria, o diretor-geral responsável pelo futebol, são inaceitáveis.
O seu investimento excepcional não pode ser colocado em causa e, pelo contrário, foi bem recebido por todos durante este mercado de inverno marcado por uma crise sem precedentes. Eventuais sanções serão tomadas contra Andrá Villas-Boas na sequência de um processo disciplinar".