O mês de setembro é marcado pela comemoração da Independência do Brasil. Porém, em 1942, o mês também foi marcado por outro motivo aos torcedores Palmeirenses.
Neste ano, o Brasil entrava como apoio aos Aliados para a Segunda Guerra Mundial. Com isso, os imigrantes alemães, italianos e japoneses que já habitavam o país começaram a ser vistos com desconfiança pelas ruas e, em alguns casos, perseguidos.
Getúlio Vargas, o então presidente do Brasil, chegou a receber o jovem bilionário americano Nelson Rockefeller. Na época com apenas 33 anos, ele discursou no Itamarati, honrado por Brasil e Estados Unidos estarem juntos durante a Guerra.
Com todo o clima de patriotismo, Getúlio impôs uma medida que proibia todas as instituições de terem nomes de outros países em sua razão social. Desta forma, os italianos se sentiram obrigados a mudar o nome do clube Palestra Itália, fundado em 1914.
(Foto: Palmeiras/Arquivo)
A Sociedade Esportiva Palmeiras recebeu o nome de Palestra de São Paulo em março daquele ano. Seu símbolo também foi modificado. Para demonstrar a boa relação com os brasileiros, a agremiação organizou um evento com o intuito de comemorar “condignamente a grande data que relembra a emancipação política de nosso Brasil”, como relatou a manchete do jornal A Gazeta na época, ditando as palavras do 1º secretário do Palestra, Edmundo Scala.
Próxima partida
“A oração do Dr. Edmundo, entrecortada de vibrantes aplausos, foi um lindo hino ao Brasil, no momento histórico que atravessamos”, dizia a matéria.
Foi então que, na festa organizada pelo clube para a comemoração dos 120 anos de Independência do Brasil, Getúlio Vargas realizou um extenso discurso, fazendo referências aos imigrantes alemães, japoneses e italianos em tom ameaçador.
Com as palavras ditas pelo presidente, o Palestra de São Paulo teve de reformular mais uma vez sua escolha de nome. E apenas uma semana antes de disputarem a final do Campeonato Paulista contra o São Paulo, em 14 de setembro de 1942, a cúpula diretiva decidiu em uma tensa reunião descartar o nome e o novo símbolo escolhidos para o clube.
Foi quando o conselheiro Mário Minervino proferiu as seguintes palavras: “Não nos querem Palestra, pois seremos Palmeiras e nascemos para ser campeões”. A palavra Palmeiras referia-se à Associação Atlética das Palmeiras, clube brasileiro que havia sido extinto em 1930, e que abrigava na sua constituição algumas das principais famílias da cidade.
A Associação havia ajudado o antigo Palestra Itália, em 1916, a conseguir uma vaga para disputar o Campeonato Paulista pela primeira vez, e por isso os dirigentes concederam esta homenagem.
No dia seguinte da reunião, o jornal A Gazeta publicou uma carta escrita pelo secretário Paschoal Walter Byron Giuliano, com as seguintes palavras: “Na reunião realizada ontem, sob convocação do seu presidente, a diretoria da Sociedade Esportiva Palestra de São Paulo resolveu, por unanimidade de votos, mudar a sua denominação, sendo escolhida a de ‘SOCIEDADE ESPORTIVA PALMEIRAS’, resolução e escolha essas feitas ‘ad-referendum’ do Conselho Deliberativo”.
(Foto: Palmeiras/Arquivo)
O colunista José de Moura aproveitou para também adicionar um comentário à carta: “O Palestra que desapareceu do cenário esportivo nacional soube honrar, dignificar e engrandecer o nome de São Paulo e do Brasil. Toda sua existência, fértil em vitórias inesquecíveis, nos campos daqui e d’além fronteiras, foi uma sucessão de feitos brilhantes que ninguém pode negar”.
A chamada “Arrancada Heroica” foi marcada pela vitória do Palmeiras contra o São Paulo, por 3 a 1, na final do Campeonato Paulista. O dia da partida, realizada em 20 de setembro de 1942, foi oficializada em 2005 como o “Dia da Sociedade Esportiva Palmeiras” pela Lei n.º 14.060 na capital paulista, e faz parte do Calendário Oficial do Município.