Debinha Brasil 2022Getty Images

Debinha no KC Current: o que podemos esperar desse movimento?

Na última segunda-feira (09), o destino de Debinha foi finalmente revelado. Agente livre após o fim de seu contrato com o North Carolina Courage, a brasileira assinou por dois anos com o Kansas City Current, com opção para estender por mais um ano. Bastante disputada na janela de transferências, a meia-atacante frustrou o interesse de potências europeias como Arsenal e PSG para permanecer na NWSL, a Liga de Futebol Feminino dos Estados Unidos.

Com 31 anos, Debinha está no auge da carreira e acumula boas temporadas em clubes nos últimos anos, sempre figurando entre os destaques do campeonato estadunidense, onde atua desde 2017. Pela seleção brasileira, é peça-chave da equipe treinada por Pia Sundhage, e tem como assinatura a consistência.

É natural que surja um questionamento: era o momento da brasileira retornar à Europa, onde já atuou pelo Avaldsnes IL (Noruega)? Afinal de contas, o continente europeu abriga atualmente o mais alto nível tático e técnico do futebol mundial, em especial na UEFA Champions League feminina. Dessa forma, é natural a expectativa de ver Debinha, que é uma das principais jogadoras do mundo, disputar a competição continental por um grande clube. No entanto, isso não significa que sua opção pelo Current tenha sido ruim.

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Caminhando para seu terceiro ano de existência, o time de Kansas City está em plena ascensão e se destaca pela ambição dentro e fora de campo. Dono de estrutura invejável, com moderno centro de treinamentos recém-inaugurado e estádio em construção – o primeiro do mundo construído especificamente para um time feminino, com inauguração prevista para 2024 –, o clube chama atenção pela organização.

Kansas City Current new stadiumKC Current

Último colocado em sua primeira temporada na NWSL (2021), o KC reforçou seu plantel de forma certeira e contratou para 2022 o treinador Matt Potter, que revolucionou o plano de jogo da equipe. Apesar das oscilações e desafios com lesões de peças-chave (como Sam Mewis e Lynn Williams), os frutos foram colhidos e o time terminou com o vice-campeonato da liga.

Para 2023, Current manteve a base de seu elenco e já anunciou, além de Debinha, outras contratações de impacto, como Morgan Gautrat e Vanessa DiBernardo. Dessa forma, o comandante terá boas opções para executar seu plano, que no ano passado consistiu em um estilo com bastante liberdade em campo para as atletas.

Com base na última temporada, o conjunto encontrou seu equilíbrio atuando com três zagueiras. O sistema era bastante fluido, podendo variar de 3-4-1-2 para o 3-4-3 e o 3-5-2. No momento defensivo, com o recuo das alas, era normal vermos linha com cinco defensoras. Mas não se engane em achar que o Current não possua capacidade de atuar com quatro defensoras. A versatilidade de suas jogadoras permitia variações de esquema em uma mesma partida.

Em termos de construção, a equipe normalmente optava por toques rápidos, muitas vezes de primeira, para chegar com velocidade no campo de ataque. Com boas passadoras no meio, atacantes agudas e excelentes explorando espaço em profundidade, o Kansas City levava grande perigo em contra-ataques. Além disso, a pressão na marcação, visando recuperar a bola já no campo de ataque, foi parte do DNA do time.

Dito isto, como Debinha se encaixa no estilo de Potter? A brasileira é versátil, capaz de atuar tanto como meia (muito visto em seus anos de NC Courage), quanto como atacante (função que desempenha pelo Brasil). Assim, é possível imaginá-la em qualquer uma das três posições mais ofensivas da equipe, na função de atacante de movimentação ou de meia-atacante (veja imagens abaixo).

Amanda coluna posicionamento KC Current 1Análise: Amanda VianaAmanda coluna posicionamento KC Current 2Análise: Amanda Viana

Vale destacar que as peças de ataque possuem total liberdade de circulação, o que pode potencializar a criativa Debinha. Outro ponto é o encaixe defensivo, que tende a ser eficiente, visto que a brasileira tem ótima disciplina tática e executa bem a marcação pressão.

A não-ida de Debinha para Europa pode ter frustrado grandes clubes, bem como parte da torcida. Entretanto, a NWSL é uma liga bastante competitiva e que vem crescendo de nível e qualidade nos últimos anos, posicionada entre as principais do mundo. Além disso, é inegável que seu encaixe no Kansas City Current é demasiado promissor e tem tudo para servir de trampolim na continuidade de sua evolução.

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