Há milhares de anos, divindades habitam o imaginário e encanto de nós, seres humanos mortais. Elas são de várias origens e credos distintos, mas algumas das mais queridas e emblemáticas por seus respectivos povos são as que, por alguma maneira, demonstram as características mais humanas.
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Na distante e fria mitologia nórdica, por exemplo, o deus supremo era Odin, mas o mais amado de todos era Thor, aquele com o qual o povo mais se identificava por causa de seus dilemas mais terrenos e pela capacidade humana de falhar. Na próxima e quente Argentina, que tem o sol, uma das primeiras divindades, em sua bandeira, não há um deus que simbolize tanto as idiossincrasias de seu povo quanto Diego Armando Maradona.
Deus do futebol, claro. Mas também, ele próprio, uma bandeira argentina. Muito provavelmente o maior personagem que o esporte já viu, pois suas obras divinas contrastavam com os comportamentos mais humanos que se podia imaginar. Com certeza o personagem que despertou e desperta a maior idolatria de todas. O único grande ídolo mundial que motivou pessoas a fundarem, de maneira oficial, uma igreja em sua homenagem. Diego Armando Maradona nos deixou neste triste 25 de novembro de 2020, menos de um mês após ter completado 60 anos.
Maradona não foi um ídolo comum. Comprou muitas brigas, algumas válidas e outras nem tanto, e não fazia questão de querer agradar a todos. Mas com uma bola em seu pé esquerdo conseguia encantar qualquer um. Milhões. Até mesmo os que tinham diferenças, discordâncias e até mesmo raiva de sua personalidade. Com uma bola em seu pé, encantava até mesmo quem não gostasse de futebol.
Certeza é que não há quem goste de futebol e não admire Maradona. Basta ver as manifestações de despedida mundo afora, inclusive daqueles que tiveram a ingrata missão de serem adversários de Diego.
O River Plate, clube que um jovem Maradona fez questão de se negar a ir pelo amor que tinha ao Boca, fez uma bela homenagem em suas redes sociais.
A Juventus, arquirrival do mágico Napoli maradoniano na década de 80, postou um vídeo em que seu próprio gol era vazado através de um chute de Diego.
Real Madrid e Athletic Bilbao, os maiores rivais em sua rápida passagem pelo Barcelona, também postaram suas homenagens, e o mesmo fizeram as seleções alemã, uruguaia e brasileira – as maiores rivais da Argentina na época do jogador Maradona.
Maradona protagonizou cenas de magia que estão na história. “Tocou o céu com as mãos”, como dizem culturalmente os argentinos quando vivem um momento de sonho, ao conduzir a sua Argentina ao título mundial de 1986, depois de mostrar seu lado mais humano ao fazer um gol de mão contra a Inglaterra antes de brilhar como divindade futebolística ao marcar, contra o mesmo adversário, o gol mais bonito já feito na história do esporte inventado pelos ingleses. A FA, federação inglesa de futebol, foi outra das que prestaram sua homenagem ao eterno 10.
Maradona podia vencer qualquer adversário com uma bola nos pés, mas foi longe dos gramados que esta luta ingrata se apresentou à sua vida. Foi quando Diego mostrou o seu caráter mais humano. Afinal de contas, precisou enfrentar algo que pode aparecer na vida de qualquer um. Em qualquer lugar do mundo.
Maradona é o raro ídolo de pedestal que desce desta sua posição, colocando-se como um igual para ser abraçado por seu povo. A Argentina e todos os fãs de futebol o abraçam forte, para nunca largar, seja neste plano ou em outro. Afinal de contas, quem não deseja estar próximo de deus? Que bom que ele era também humano. Não houve craque que tenha adquirido o status de deus do futebol sendo tão humano quanto ele.
Existem muitos jogadores, craques e deuses do futebol. Diego Maradona, como diz o subtítulo de sua mais famosa autobiografia, é do povo. Para sempre.