Pelé 1970 BrasilReprodução

Pelé morre aos 82 anos: o futebol perde o maior de todos

É com enorme tristeza e uma sensação de vazio que escrevemos uma das notícias mais tristes para a história do futebol. Edson Arantes do Nascimento faleceu, aos 82 anos, depois de uma longa batalha contra o câncer. E agora precisamos nos despedir do maior jogador de futebol que este planeta já conheceu, em todos os tempos. Chegou o dia que vem para todos, mas que, talvez pelo status de imortal do esporte, não imaginávamos que um dia testemunharíamos. É dia de dar adeus a Pelé.

Edson Arantes do Nascimento já vinha convivendo com problemas de saúde há algum tempo. Nos últimos anos, locomovia-se através de cadeira de rodas embora o sorriso seguisse intacto: aquele mesmo sorriso que ficou eternizado quando ainda era jovem e colocava o nome do Brasil no mapa mundial ao se notabilizar como maior craque de todos.

Quando, pela última vez, deu entrada no hospital Albert Einstein, Pelé apresentava quadro de inchaço pelo corpo e problemas cardíacos. O Rei do Futebol passou por uma bateria de exames, algo comum dentro de sua situação. Em setembro de 2021, Pelé passou por uma cirurgia para remover um tumor no cólon. Já em meados de 2022, Edson Arantes do Nascimento teve outros tumores diagnosticados pelo corpo e intensificou o tratamento de quimioterapia. No final do ano, novas complicações em decorrência do câncer, incluindo uma infecção pulmonar, o fizeram voltar ao hospital.

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Todo jogo acaba ao final de seus 90 e poucos minutos, ou 180 a depender de prorrogações ou disputas de pênalti. Todo filme acaba. O apito final é invencível. E o corpo mortal de Pelé, Edson, entendeu que era hora de sair deste campo. O óbito foi confirmado pela família do homem de Três Corações. Pelé deixa um legado que parece ser inatingível até mesmo para os padrões atuais do esporte.

Pelé não foi o maior jogador de futebol de todos os tempos apenas pelo que fazia com a bola no pé – embora apenas isso já teria sido o bastante para o alavancar a este status. No momento em que o futebol dava o salto de maturidade para se transformar, de vez, em um esporte global, Edson Arantes do Nascimento mostrou ser inatingível. O mundo, dividido na Guerra Fria e centrado no protagonismo entre Estados Unidos e União Soviética, com grandes nações europeias tendo papel de protagonismo forte no tabuleiro de influência, foi obrigado a reservar parte de sua reverência a um negro de um país esquecido, pouco conhecido e até então quase sempre ignorado do chamado Terceiro Mundo.

Pele Brazil Hall of FameGetty Images/Pele 10

Não é exagero dizer que, através de Pelé, o Brasil, como país, ganhou notoriedade global como nunca antes. O craque de futebol, habilidoso, encantador e forte, trajado com uma chamativa camisa amarela ou com um elegante uniforme azul, talvez seja o maior estandarte do nosso país. Diversos líderes mundiais se sucederam em alternância mundo afora. Praticamente todos sempre quiseram conhecer Pelé e tirar uma foto com o Rei. Guerras que foram travadas na África chegaram a ser interrompidas apenas para que todos pudessem contemplar sua majestade em campo. O Santos passou a ser um dos clubes mais gigantescos do mundo.

Pelé fez mais de mil gols, mas também foi goleiro e defendeu pênalti. Apanhou e bateu. Mas acima de tudo jogou muita bola. O garoto que nasceu em Três Corações, município de Minas Gerais, conquistou a Copa do Mundo três vezes, embora apenas uma tivesse bastado para que tivesse pago a promessa feita a seu pai, Dondinho, enquanto o via chorar colado a um rádio depois de o Brasil perder para o Uruguai na final de 1950.

E Pelé ainda fez muito mais. Depois de ter se aposentado, Edson Arantes do Nascimento viu muitos outros craques. Nós tivemos Zico, Sócrates e Falcão. Vimos Cruyff, Maradona e Platini. Romário, Baggio, Van Basten, Zidane. Ronaldo e Ronaldinho e Cristiano Ronaldo e Messi. Neymar e Mbappé. O mundo não para de fabricar craques, mas nunca se deixou de falar de Pelé. Porque nenhum outro representou, e representa, tanto o futebol quanto Pelé.

"Tudo que nos somos é graças a você", escreveu Kelly Nascimento ao confirmar o falecimento do pai. O futebol brasileiro pode tranquilamente dizer o mesmo em relação ao maior dos camisas 10.

Pelé 1970 BrasilReprodução

Edson Arantes do Nascimento sempre fez questão de dividir o homem do imortal. Mencionava Pelé como se Pelé fosse uma entidade divina que tivesse se apossado de seu corpo para nos presentear com o mais belo que o futebol pudesse apresentar: momentos e memórias. E títulos e relevância e recordes que são para sempre, mesmo que a ausência de contextualizações busquem o contrário. A partir deste 29 de dezembro de 2022, é possível imaginá-lo chegando em algum lugar sendo recepcionado por Garrincha, Didi, Djalma e Nilton Santos e Vavá. E, claro, por Dondinho.

Edson tinha 82 anos e deixará saudades.

Pelé, eterno, também.

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