Campeão da Copa América, medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio e um dos jogadores brasileiros com mais gols na Premier League, Richarlison vem colecionando conquistas importantes na carreira e agora mira aquele que seria o maior dos seus feitos: disputar uma Copa do Mundo com a camisa da seleção.
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Convocado desde o início deste ciclo, em agosto de 2018, Richarlison se tornou figurinha constante nas listas de Tite e criou uma grande conexão com a seleção. Em bate papo exclusivo com a GOAL, o atacante falou sobre a ligação que tem com a Canarinho, o sofrimento com a ausência nas últimas listas, a rivalidade com os argentinos, a expectativa para a Copa do Mundo e a experiência com a camisa do Everton, na Premier League.
GOAL: Nas últimas listas (do Tite), você ficou na expectativa do seu nome, e o seu nome não estava lá. Você realmente sente muito orgulho e tem uma conexão muito bacana com a Seleção Brasileira, né?
Richarlison: "Eu acompanhei a convocação e vi eles falando de mim. Fiquei muito feliz, vi a sua pergunta também. É isso que eles falaram. É isso que eu sinto quando tem o momento da convocação. Nessa última mesmo o professor Tite deu uma atrasadinha, acho que foi meia hora de atraso, e acabou que o nervosismo ficou maior, fiquei mais nervoso ainda e na expectativa dentro do carro. Eu cheguei do treino e fiquei dentro do carro mesmo, lá fora, para ver a convocação, porque eu estava nervoso, não sabia o que fazer, e acabou dando tudo certo. É aquilo que o professor Fábio falou, nas duas últimas que eu fiquei de fora, foi muito dolorido para mim. Doeu muito porque eu sabia que poderia estar lá. Querendo ou não, eu também estava voltando de lesão e acabei, sei lá, aceitando. Tinha gente que merecia estar lá, então levantei a cabeça, continuei treinando do mesmo jeito. O professor Fábio veio aqui com o Cléber (Xavier), conversou bastante comigo, conversou com o Allan também. Isso ajudou muito. E eu falei para ele que dói muito quando fica de fora, porque eu nunca imaginei ficar de fora da Seleção, e quando veio a primeira vez, doeu muito. Fui para o meu quarto, fiquei uns dias baqueado, mas depois voltei ao normal, continuei treinando firme como eles pediram e agora estou de volta".
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GOAL: No ano passado você disputou a Copa América com o time principal e depois fez muita questão de jogar os Jogos Olímpicos de Tóquio. Como foi o processo de liberação junto ao Everton para que você jogasse os Jogos Olímpicos?
Richarlison: Foi um pouquinho complicado. Lembro que eu estava na Copa América ainda quando o (André) Jardine me ligou. Eu dei minha palavra para o Jardine que eu ia para as Olimpíadas sem a liberação do Everton. Eu tinha que dar meus pulos aqui. Daí eu liguei para o presidente, liguei para o diretor, na época era o Rafa Benítez, que tinha acabado de chegar. Falei para eles quase chorando, que era meu sonho, que era o sonho da minha família de estar lá. Que quando eu voltasse, daria a minha vida aqui no Everton, aí eles acabaram me liberando. Eu praticamente gastei o dia todo em negociações com o Everton para me liberarem. No final, deu tudo certo. Tanto é que, depois das Olimpíadas, me receberam com cartazes, aplausos... Querendo ou não, foi bom para as duas partes.
Getty ImagesGOAL: Mas você pagou o preço por essa temporada mais longa. Premier League, que é complicada demais pelas questões físicas, Copa América e Jogos Olímpicos. Depois você entrou numa sequência de lesões.
Richarlison: Eu sabia que, em alguma hora, viria alguma lesão. Quando cheguei nas Olimpíadas, eu já via que meu corpo estava no limite. Lembro que, no segundo jogo das Olimpíadas, eu estava desgastado, estava no meu limite mesmo, muito cansado. Meu processo de recuperação não estava legal até pelo fuso horário de lá, eu não conseguia dormir direito. Eu sabia que, em alguma hora, iria estourar, e foi o que aconteceu, infelizmente. Ainda bem que eu já estava esperando por isso. Ainda bem que consegui me recuperar bem. Foi uma lesão muito grave, no joelho. Depois veio outra, na panturrilha, que foi grave também. Se eu não tivesse cuidado também, ela poderia voltar. Então foi isso. Minhas últimas férias foram em 2019, depois da Copa América, que fomos campeões no Brasil. De lá para cá, foram jogos atrás de jogos, e foi o que aconteceu. Estourou o joelho e a panturrilha, mas acho que foi por uma boa causa. Acho que não tem nada melhor que vestir a camisa da Seleção. Eu sabia que estava no meu limite, no meu máximo, mas estava fazendo com orgulho. Eu estava fazendo com maior felicidade em estar nas Olimpíadas, na Copa América. Eu estava fazendo o que eu sei de melhor, que é jogar futebol e representar o meu país.
GOAL: Você acha que te deu pontos pela vaga na Copa do Mundo esse sacrifício que você fez para disputar os Jogos Olímpicos?
Richarlison: Com certeza! O professor Tite e a comissão estão de olho em tudo. Acho que ele viu não só a mim, mas como todos nas Olimpíadas. São grandes jogadores. Hoje vocês estão vendo o Antony, o (Matheus) Cunha também, que estava nas Olimpíadas. O Nino, que está sendo observado. Acho que, quem estava nas Olimpíadas tem potencial para estar na Copa do Mundo sim. Acho que o professor Tite está de olho em todo mundo e, claro que, eu me oferecendo para ir para as Olimpíadas, brigando no Everton para ir. É claro que eles olham com um carinho a mais, porque eles sabem do carinho que eu tenho pela Seleção, da vontade que eu tenho de estar na Seleção. Com certeza, eu não posso ser um dos melhores do mundo, mas quando entro em campo, eu dou minha vida, faço o possível para que meu time possa ganhar os três pontos e sair vitorioso de todos os jogos.
GOAL: Recentemente você falou que queria devolver nas Olimpíadas o 7 a 1 contra a Alemanha. Te marcou muito aquela derrota pela Copa do Mundo? Você ainda não jogava pela Seleção Brasileira, mas aquilo te incomodou? Você lembra onde estava quando viu aquele jogo? Como foi aquele dia para você?
Richarlison: Eu não era nem profissional ainda. Eu tinha 16 anos ali, 17 e, marcou muito. Chorei no dia. Lembro que, na época, tinha brasileiro torcendo contra e eu quase saí na porrada com eles lá. Eles estavam todos sorridentes e a gente lá, triste. Foi um momento que marcou, marcou muito. Nas Olimpíadas eu lembro que eu e o Douglas Luiz estávamos viajando, sei que demoramos três dias para chegar no Japão de tanta viagem que fizemos. A gente só pensava em enfrentar os caras. Pegar eles e fazer uma goleada neles, a mesma coisa que eles fizeram com a gente no Brasil. Querendo ou não, a gente tem uma mágoa, a gente guarda isso no nosso coração porque foi um momento difícil para o torcedor brasileiro.
GOAL: Foi difícil esse momento (os 7 a 1) e reverbera nesse ciclo. Hoje em dia, temos visto diversas críticas ao Tite, a própria Seleção, ao Neymar. E mesmo com uma campanha boa nas Eliminatórias. O Brasil chega muito pressionado nesta Copa do Mundo?
Richarlison: A expectativa é grande. Claro que tem pressão, são muitos anos sem ganhar uma Copa. O Brasil, querendo ou não, é o maior do mundo. Então sabe que, em Copa do Mundo, o Brasil é favorito em todas. A gente sabe do que a gente é capaz de fazer numa Copa do Mundo, e a gente vai com essa pressão. A gente sabe das críticas. Hoje, na Seleção, praticamente todos os jogadores são criticados, mas faz parte do futebol. A gente está com a cabeça tranquila, a gente confia no professor Tite, confia na comissão técnica e, com certeza, a gente tem tudo para fazer uma boa Copa do Mundo. A gente vem de uma sequência de jogos muito boa, e a gente viu a evolução da Seleção com a chegada do Raphinha, do Antony, desses novos jogadores que estão no plantel agora. Então agora é ir em busca da Copa, independentemente de quem acredita ou não, a gente está lá para fazer o melhor com a camisa da Seleção.
GOAL: Ainda sobre seleção, você se tornou uma espécie de “inimigo” dos argentinos pelas brincadeiras, pelas zoações... Como surgiu essa rixa do Richarlison com os argentinos?
Richarlison: Pois é, né? Hoje em dia, até alguns brasileiros pegam no meu pé por causa disso. Não sei se é porque eles gostam da Argentina. Sei lá, também não ligo muito. O que importa é a brincadeira, a zoação. Dentro de campo, eu faço o meu, eles fazem o deles. Isso tudo aconteceu num Brasil x Chile, que teve lá no Engenhão. O (Arturo) Vidal fez um post falando sobre o professor Tite e o Neymar. Daí eu postei uma foto falando “busca-se”, daí o argentino pegou para ele. Sei lá se acharam que foi para eles, mas foi uma foto no jogo contra o Chile. Os argentinos entraram no meio, então acabou sobrando para eles também. Faz parte do futebol. Esses dias um argentino veio me entrevistar, brincou comigo, falou que isso é bom para o futebol, para o folclore brasileiro, argentino... Então é importante levar essa rivalidade. Falei para ele que essa rivalidade é antiga, que o Galvão Bueno, quando assistia, ele falava que ganhar da Argentina é melhor. Então acho que faz parte do futebol e vale a pena brincar.
Getty ImagesGOAL: A Copa América 2021 foi uma Copa América muito difícil, tanto em questões extracampo, quanto questões relacionadas a torcida. Tinha muito brasileiro dizendo que ia torcer pela Argentina, por exemplo. Temos visto cada vez mais um relacionamento frio entre brasileiros e a Seleção. Isso, de alguma forma, te incomoda? Te incomodou ver brasileiros dizendo que torceriam pela Argentina?
Richarlison: Não. Cada um tem sua escolha. Não posso dizer nada por eles. Se fosse eu, teria um pouco de vergonha de estar dentro de um país e torcer por outro. Acho que é uma falta de respeito também, mas é a opinião deles. Hoje sou até um pouco odiado por esses torcedores que torcem pela Argentina. Mas é normal, segue o baile. Eu estou ali para fazer o meu, que é continuar honrando a minha camisa, amarela, e segue o jogo.
GOAL: Muito se fala que a seleção não enfrenta europeus, não enfrenta adversários de grande nível pensando na preparação para a Copa do Mundo. Você acha que faz diferença enfrentar essas equipes antes de uma Copa do Mundo?
Richarlison: Seria importante sim. A preparação seria maior. Esses dias até saiu um boato de que ia ter um Brasil x Inglaterra aqui. Eu fiquei zoando os ingleses do clube, falando que a gente ia enfrentar eles, ia dar uma surra neles aqui, na Inglaterra. Acabou que não vai ter mais. Acho que ia ser bom sim, fazer um amistoso com essas seleções maiores da Europa. Serviria sim de preparação para a Copa do Mundo.
GOAL: Para você, quem é o principal adversário do Brasil na briga pela taça da Copa do Mundo?
Richarlison: A França, né? A atual campeã, e a Argentina. Esses são os dois clássicos mundiais. Querendo ou não, o Brasil sempre faz bons jogos contra eles. Acho que essas duas seleções são duas que a gente conhece bem, sabe do potencial delas. A Argentina tem evoluído bem nos últimos anos. A gente vê aí, não sei quantos jogos a Argentina tá invicta, então ela vem evoluindo muito. Qualquer seleção que enfrentar a Argentina ou França vai ter dificuldade.
GOAL: Para você, pensando principalmente em Copa do Mundo, você confia e acredita que esse é o ano que sai o hexa do Brasil?
Richarlison: Tomara, né? Acho que é o que todo brasileiro espera, menos aqueles que torcem para a Argentina. Mas todo brasileiro tá esperando por isso, e a gente vai fazer de tudo. Eu sonho com isso praticamente quase todo dia. A capa do meu celular é a Copa do Mundo para eu lembrar todo dia de treinar com toda minha força, para me servir de inspiração e para eu levantar essa taça para nós.
GOAL: A sua primeira convocação veio depois de um corte do Pedro, que foi seu parceiro no Fluminense. Vocês fizeram uma dupla bem legal no Fluminense. Depois disso, a história de vocês acabou seguindo caminhos diferentes. Você acabou se firmando na seleção e o Pedro ainda busca um lugar ao sol. Queria que você falasse um pouco sobre esses caminhos diferentes, que um momento que foi ruim para ele, que foi a lesão, no qual ele acabou sendo cortado, você ganhou essa oportunidade, e como você vê esse momento dele na carreira?
Richarlison: O Pedro eu conheço muito bem, converso com ele até hoje, é um cara gente fina demais. Torço muito por ele. Infelizmente não deu certo na Fiorentina, teve que voltar para o Brasil. Agora ele está no Flamengo, um grande clube do Brasil. Acho que ele tinha que buscar novos ares, não dá para ficar só no banco. Eu, conhecendo o Pedro, creio que ele não está satisfeito com isso, não está feliz de ficar só no banco, entrando no segundo tempo. Querendo ou não, isso é muito ruim para o jogador. Um jogador com o talento do Pedro não pode ficar entrando no segundo tempo. Então acho que ele precisa buscar novos ares. Com certeza, ele jogando mais, conseguirá jogar na Seleção novamente.
GettyGOAL: Falando um pouco sobre a sua relação com o Everton, você tem se transformado em um cara com muita identificação com o clube. O Everton sempre demonstra muito apoio a você.
Richarlison: Olha, eu tenho uma relação muito boa com o clube e com os torcedores. Sei como funciona o dia a dia. Nesse momento estamos numa fase difícil, estamos brigando na parte de baixo da tabela, mas acredito em cada um dos meus companheiros. Temos uma equipe muito boa. Éramos para estar brigando na parte de cima, mas como vieram muitas lesões, acabou prejudicando o elenco. Mas, tenho certeza de que vamos subir na tabela. Minha relação com o Everton é isso, de amor. Foi no Everton que cheguei na Seleção também, foi um clube que ajudou muito na minha evolução. Passaram dois, três treinadores que me ajudaram muito aqui, o Marco Silva, o (Carlo) Ancelotti, o (Rafa) Benítez e agora o (Frank) Lampard. Tenho aprendido muito com eles. Sábado passado (12), infelizmente, perdi meu avô, e o Everton fez uma homenagem no telão. Querendo ou não, ficamos emocionados dentro de campo, vendo a foto no telão. É isso. Eu tenho um carinho muito grande pelo Everton, como eles têm por mim, e eu fico muito agradecido. E eu não pedi liberação para ir no velório do meu avô porque eu preciso estar aqui, preciso ajudar meus companheiros. Querendo ou não, se meu avô estivesse vivo, ele iria entender. Eu tinha ligado para ele uma semana antes dele falecer. Então é isso. Eu pude ajudar meus companheiros no fim de semana, e com certeza vamos lutar para subir na tabela.
GOAL: Como está sendo esse trabalho com o Lampard? Como ele está se saindo como técnico?
Richarlison: A gente tenta aprender o máximo com ele. Como ele já foi jogador, entende o nosso lado, sabe que o momento não está tão bom, mas está sempre ali, incentivando, conversando com os jogadores. Então temos tudo para ajudar ele. É o segundo trabalho dele na Premier League, o primeiro foi no Chelsea. Ele tem tudo para fazer um grande trabalho no Everton. Basta os jogadores acreditarem no trabalho dele, como temos feito. Vamos fazer de tudo para evoluir nas mãos dele, e que ele possa ser feliz com a camisa do Everton também.
GettyGOAL: Falando em treinador ainda, você trabalhou um tempo com o Carlo Ancelotti no Everton, ele queria te levar para o Real Madrid. O Ancelotti foi o melhor com quem você trabalhou na sua carreira?
Richarlison: Com certeza! É um cara vitorioso. Lembro que, uma vez, a gente foi jogar dentro de casa, se eu não me engano contra o Leeds. Ele estava cheio das táticas, colocou a gente para jogar com três zagueiros. Eu falei: “Poxa, professor! Não tem como colocar mais um atacante para me ajudar na frente?” Ele virou para mim e disse: “Poxa, Richy! Você está de sacanagem! Já ganhei cinco Champions League e você vem falar isso comigo?!” (risos). É um treinador que aprendi muito com ele, é um dos treinadores mais vitoriosos hoje em dia. Não só eu aprendi com ele, mas o elenco do Everton também. É um elenco bem jovem, então a gente abraçou. Abraçou e fez um trabalho bom com ele. Se ele continuasse aqui, com certeza chegaríamos numa Champions, numa Europa League. O trabalho dele é muito bom.
GOAL: Você está em mais uma temporada de Premier League. Sabemos que é o campeonato mais forte do mundo. Como você vê a diferença para o futebol brasileiro?
Richarlison: Tem um pouquinho de diferença, a começar pela arbitragem. O VAR daí, para uma decisão de impedimento, se foi ou se não foi gol, demora uns cinco, dez minutos aí. Aqui é coisa rápida, em segundos a bola está rolando. A gente precisa ficar ligado nos 90 minutos, senão o adversário pode fazer um gol. Aqui a bola não para. No Brasil tem jogos bons, eu tenho acompanhado. O Palmeiras, vamos falar assim, tem mais estilo europeu, que pressiona, faz aquele perde-pressiona, então é uma equipe que tenho acompanhado bastante, até porque tem passado bastante na TV aqui também, Acho que o futebol brasileiro evoluiu bastante dos anos 1990 para cá, e espero que continue assim. Com a bola rolando mais, com arbitragem competente. Isso tudo ajuda no futebol.
Getty ImagesGOAL: O que foi mais difícil: se adaptar à Premier League ou aprender a falar inglês? Você sempre se esforçou em aprender a falar inglês. Como está o seu inglês agora, Richarlison?
Richarlison: Rapaz, acho que foi aprender inglês, viu?! Acho que estou de boa. Inclusive, depois da entrevista, tenho uma hora de aula. Eu vou tirar minha carteira de motorista na Inglaterra, daí estou fazendo aula. Mas, já estou melhor. Esses dias dei uma entrevista no Everton em inglês, mas é só o básico. Não invento, senão começa a sair aquele Joel Santana e já era.
GOAL: Na semana passada o mundo do futebol se deparou com uma coisa muito incomum: Neymar e Messi foram muito vaiados durante o jogo do PSG no fim de semana. Nem mesmo com a vitória do PSG, a torcida deu uma aliviada. Vários jogadores também saíram em defesa do Neymar e do Messi em relação a essas vaias. Como você vê isso? Dois grandes gênios da atualidade sendo vaiados
Richarlison: Isso é do futebol. Independentemente da história do Messi ou do Neymar, temos que saber lidar com esse tipo de situação. Em Paris, infelizmente, a Champions não veio. Sabemos do investimento que a diretoria fez lá para levantar a Champions e o torcedor vê isso. Vê o trabalho da diretoria, o trabalho deles para trazer uma Champions e acaba não vindo. O torcedor fica eufórico, fica muito bravo e acaba sobrando para os jogadores. Acho que o Neymar e o Messi já esperavam por isso, eu assisti o jogo. Eles estavam preparados para isso e é a vida. Estamos preparados para qualquer situação e, querendo ou não, o Neymar e o Messi são cascudos, sabem o que fazer e o que não deve. Eles suportaram muito bem aquelas vaias.
GOAL: Você é um cara muito engajado em projetos sociais. De onde veio isso? Como surgiu isso?
Richarlison: Pois é, né? Eu tenho ajudado bastantes pessoas aí no Brasil. Sou embaixador na USP, tenho um time na minha cidade que hoje está na Copa do Brasil, inclusive vai jogar contra o Atlético-GO. Tenho uma casa em Barretos, são 38 quartos para tratamento para pessoas que não têm dinheiro. Eu coloco para ficar lá na casa, com tudo pago. Acho que tenho ajudado muito o pessoal no Brasil com o que eu posso e é isso. Meu empresário me ajuda, meu assessor Osvaldo, que me ajuda muito também com isso. Eu gosto de conversar bastante com o povo brasileiro. Me fazia feliz, mas eu me afastei do Twitter até por causa disso. Desses torcedores, vamos dizer “brasileiros” que torcem para a Argentina, que estão pegando no meu pé, vai no meu Twitter para me xingar. Assim que der, o Osvaldo também está de olho. Caso tenha uma pessoa que precise de ajuda e está no meu alcance, eu vou lá e ajudo. É de coração. Tanto é que até hoje ninguém sabia que eu tinha uma casa em Barretos, poucos sabiam que eu ajudo um time de futebol. Eu não gosto de ficar aparecendo muito também. É isso. Eu ajudo de coração, gosto de conversar com meus fãs. Dei uma afastada um pouco, mas pretendo voltar um dia, não sei. Mas vamos ver aí.
GOAL: Para finalizar, qual foi seu gol mais bonito e o jogo mais inesquecível para você?
Richarlison: O gol mais bonito... Acho que vou colocar o de voleio contra o Manchester United, dentro de casa. Tem o de bicicleta contra o Norwich também, mas eu vou colocar o de voleio contra o Manchester porque foi um jogo muito especial. Querendo ou não, o Manchester também é uma grande equipe e aquele jogo era muito importante para nós. Acabei abrindo o placar com aquele voleio, então vou colocar ele. Jogo inesquecível vou colocar o da Copa América, que eu fiz o gol de pênalti nos minutos finais, que a minha família estava no estádio vendo. Eu vendo eles pularem de alegria não tem preço que pague aquilo. Acho que aquele foi um jogo inesquecível para mim. Até porque meu avô estava no estádio aquele dia, me deu um abraço no fim do jogo, todo sorridente. Então acho que esse foi um jogo inesquecível para mim.