O que há de comum na primeira convocação feita por Tite após a eliminação no Mundial de 2018 para a última antes da Copa América 2019? Em ambas, o número de jogadores que não estiveram na Rússia no caminho até as quartas de final foi o mesmo: 11, o maior no total de quatro listas divulgadas para os amistosos que iniciaram o novo ciclo sob o comando do treinador.
Ao longo de suas convocações, Tite preocupou-se em rejuvenescer o grupo: Arthur, Paquetá, Vinícius Júnior, Malcom, David Neres, Richarlison e Eder Militão são alguns dos nomes que demonstram isso. Em meio a uma grande variedade de escalações, para fazer testes, a idade alternou de acordo com o adversário. Contra EUA, Argentina, Uruguai e Camarões – os maiores desafios técnicos pós Copa – a média de idade dos titulares foi maior.
Os testes para os mais jovens aconteceram justamente nos duelos teoricamente mais fáceis. Contra El Salvador e Panamá o Brasil entrou em campo com equipe titular de 25,2 e 25,3 em média de idade, respectivamente. Também foram os amistosos em que Tite mais arriscou mudanças na comparação com os atletas de linha chamados para a Copa do Mundo. Em ambos os casos, foram cinco novidades.
JIM WATSON/AFP/GettySeleção na goleada sobre El Salvador (Foto: Getty Images)
Na primeira oportunidade, o teste deu muito certo. A goleada por 5 a 1 sobre El Salvador foi a maior no período pós-Copa e teve como grande destaque Richarlison, estreante como titular, autor de dois gols. Otimismo em alta. Já na segunda vez que o treinador arriscou, o roteiro seguiu um caminho absolutamente oposto: empate vergonhoso, 1 a 1, contra o Panamá. Desempenho criticado e o pessimismo de que não existe luz no fim do túnel. Nem tanto ao céu, nem tanto ao inferno.
Decepção contra o Panamá (Foto: Getty Images)
Escalação provável contra a República Tcheca
Contra a República Tcheca, nesta terça-feira (26), Tite fez seis mudanças em relação à escalação titular contra o Panamá. Manteve o criticado Coutinho e outros cinco atletas de linha que estiveram no Mundial (Alex Sandro, Allan, Richarlison e Paquetá são as exceções). Uma mistura de experiência com o que há de novo, menos arriscada para um adversário menos pior em relação aos panamenhos.
Restam alguns meses até o pontapé inicial da Copa América 2019, que será realizada aqui no Brasil e poderá decidir a continuidade de Tite. Até lá, muita coisa ainda vai acontecer. Uma das mais benéficas, o treinador passará a ser tratado da forma como a sua trajetória na Seleção merece até o presente momento: sem exaltação desnecessária, mas ciente de que existe ao menos uma linha de trabalho pensando na formação de um grupo forte para fazer a equipe nacional não apenas vencer. É preciso convencer.